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A leitura de O Segredo... prende o leitor a uma personalidade que, não fosse repleta de detalhes tão humanizados, pareceria uma alegórica criação. Longe de ser apenas mais um louco, o boêmio que passou pelos bancos de Harvard tem um jeito instigante. Os muitos mistérios que envolvem sua vida podem despertar no leitor antipatia ou encanto, mas não há quem deixe de se fascinar por, no mínimo, sua incrível eloquência.
O maior enigma do livro é encarnado pelas pretensões do personagem Joe Gould, que diz estar escrevendo uma obra onze vezes maior que a Bíblia. “Uma História Oral de Nossa Época” é o “segredo” que dá nome ao segundo texto de Mitchell, feito sete anos após a morte do protagonista. Nessa segunda obra, o autor acrescenta no que resultou a vida dele e de Gould depois do lançamento do primeiro perfil, O Professor Gaivota, para a revista The New Yorker, em 1942. A partir daí, Mitchell torna-se personagem. Relata suas aflições em relação a Gould, que passa a procurá-lo com freqüência após tornar-se o mais famoso boêmio da cidade.
Gould é um tanto egocêntrico e sente necessidade de demonstrar suas habilidades a todo tempo. Desde a História Oral, a partir da qual diz que deixará seu nome para a posteridade, até poesias e a língua das gaivotas, para a qual “já traduziu diversos poemas”. São todos eles motivos para o personagem buscar admiração e dinheiro de seus interlocutores.
Já que o único patrimônio que possui é um portfólio no qual carrega textos da “história informal de gente em mangas de camisa”, conta com a ajuda de conhecidos para comer, dormir ou se vestir. Precisa dos outros, portanto, para viver. Gente da alta sociedade que, conforme Mitchell, lhe dá somente aquilo de que não precisa mais, o que já não presta.
Diz também contar com os “amigos” para guardar o livro que escreve há 26 anos. O vaivém da procura pelos textos é um dos motivos que leva o autor a repensar a verdade contada por Gould. Mas a grande capacidade de observação do jornalista Mitchell o leva a uma atitude inesperada, quando descobre a verdade sobre a História Oral. Fazendo uma analogia à própria vida, ao próprio sonho de escrever um romance – quando a narrativa envereda para o lado mais intimista – Mitchell não denuncia Gould. A percepção de que o sonho, como o de escrever a H.O. do andarilho, pode ser uma grande obra, e que acabar com ele pode acabar com uma vida, leva-o à compreensão do que é, aparentemente, irracional no protagonista de suas obras.
Um dos grandes textos do jornalismo literário, “O Segredo de Joe Gould” é um exemplo de como a observação, a espera pela “árvore cair”, pode ser recompensada com uma boa história.
* Postagem interativa, resultado de trabalho para Jornalismo Literário (com adaptações).
9 comentários:
Bah, muito bom esse texto Luana! Revolucionou o mundo dos blogs com essa GRANDE IDÉIA de publicação simultânea, ein!
Gostei da idéia de começar em um lugar e terminar em outro... o problema é que vou ter que voltar lá no Samir pra comentar! hehe
Não conheço esse cara, mas me pareceu interessante!!
uepa!
titio fica bem contente... hehe
Belo trabalho. Certamente muito melhor que o meu, que foi sobre o Gay Talese, no semestre passado.
beijo
Depois de comentar lá no Samir, venho aqui na tua brilhante continuação, opa, postagem interativa. Sério, que bom que tu voltou a postar porque teu blog é muito bom.
é pra cadeira de jornalismo literário? gente, preciso fazer essa cadeira!
bjos
sim, sim! cadeira do titio vitor aí em cima. hehe
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bah a apresentação tava boa, mas o texto ficou show!!! esse livro é ótimo mesmo :D
bjos coléga
parece mto bom..
parabéns pelo blog, bem bom ele...
saravá!
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