Adoro os cafés. E, de fato, não há algo em maior quantidade nessa cidade (finjamos, agora, que não há lixo nas calçadas). Não os cafés de beber, mas os de estar e de ver.
Sento-me em um, no qual descobri dois grandes prazeres. O primeiro, paezinhos de espinafre (aqui, consideremos os prazeres de uma vegetariana). O segundo, uma vitrine.
Em frente a uma grande janela eu olho para a rua. Seguindo a lógica da perspectiva, o objeto em exposição seria eu. Mas não. São eles. Porque eu observo. Eles são só eles caminhando na calçada.
Passam muitos perfis e alguns rostos de frente (e pensemos que eles seguem a lógica do objeto em exposição).
Passa um alemão que guarda a mão no bolso peitoral. Passa uma brasileira que fala sozinha ou talvez cante uma canção. Passa um gordo que bebe numa garrafa inversamente proporcional a si. Passa, passa, passa.
Como o tempo, passam rápido e não me dão tempo.
Jovens de branco com pinta de medicina. Um senhor de branco pintado de tinta. Passam tortos e direitos (porque os vejo de lado). Passam ritmos silenciosos e silêncios misteriosos.
Passam brabos, alegres, apáticos. Curiosos da minha vitrine.
Todos sonorizados pela música e pelas vozes daqui de dentro. E deliciados como café. Ou, melhor, como pães de espinafre.
Sento-me em um, no qual descobri dois grandes prazeres. O primeiro, paezinhos de espinafre (aqui, consideremos os prazeres de uma vegetariana). O segundo, uma vitrine.
Em frente a uma grande janela eu olho para a rua. Seguindo a lógica da perspectiva, o objeto em exposição seria eu. Mas não. São eles. Porque eu observo. Eles são só eles caminhando na calçada.
Passam muitos perfis e alguns rostos de frente (e pensemos que eles seguem a lógica do objeto em exposição).
Passa um alemão que guarda a mão no bolso peitoral. Passa uma brasileira que fala sozinha ou talvez cante uma canção. Passa um gordo que bebe numa garrafa inversamente proporcional a si. Passa, passa, passa.
Como o tempo, passam rápido e não me dão tempo.
Jovens de branco com pinta de medicina. Um senhor de branco pintado de tinta. Passam tortos e direitos (porque os vejo de lado). Passam ritmos silenciosos e silêncios misteriosos.
Passam brabos, alegres, apáticos. Curiosos da minha vitrine.
Todos sonorizados pela música e pelas vozes daqui de dentro. E deliciados como café. Ou, melhor, como pães de espinafre.