sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

No português é tudo igual

Em blockbusters a gente até nem liga mais. É normal ligar a TV chuviscada – ainda não digital e não interativa, portanto, só opcional no liga-desliga – nas segundas à noite e ouvir as mesmas vozes. Já não ligo. A Julia Roberts fala minha língua vernácula igual à Meg Ryan? Óquei, é filme dublado.

Eu devia ter-me abstido, no entanto, de ligar a TV naquela quinta à noite quando, feliz da vida, ouvira anunciar um de meus filmes preferidos e, ironicamente, francês. Não era um blockbuster, mas uma obra-prima. E obras primas são feitas para serem apreciadas em sua íntegra beleza. Nada de traduções. Como a um quadro que se olha e se interpreta a seu bel prazer e, como quisessem estragar seu encanto, um guia lhe explica o que o “autor quis dizer”. O autor... sei...

Só sei que não devia ter ligado a TV e, assim, não teria ouvido Audrey Tautou falando mais ou menos como uma “queridinha da América”. Seria engraçado, não fosse decepcionante. Os cenários eram os mesmos, as cores eram as mesmas, os fantásticos personagens eram os mesmos... mas não eram. Foi-se tudo o que outrora fora. Era simplesmente um filme americano em português. Todo o encanto perdido pela falta do tal mot just balzaquiano. Por um excesso de letras desnecessárias que ali estão apenas para que preencham um espaço vazio e que a boca não se mexa sozinha.

O mesmo acontece com os livros, mas nisso há de ter mais tato – e saber a língua-mãe do autor. Eu ainda não tenho.
Não sei... só sei que tive dó de quem assistia ao filme pela primeira vez e não teve, nem por um momento, o gostinho que eu tive... até aquela quinta à noite.


9 comentários:

Thales Barreto disse...

Ainda somos meros leitores de legenda. No mundo todo o filme dublado é aceito numa boa, nós preferimos os originais. E o nosso amor pela língua? Eu gosto de filmes dublados, as vezes me sinto um peixe fora d'agua por isso. Nesse quesito sou patriota, embora não seja fã de escrever o português corretamente acho que devemos nos comunicar pela nossa língua mãe. Enfim... Bjos menina.

Rô Peixoto disse...

Eu ainda prefiro os legendados, de qualquer forma!


Obrigada pelo "menina dos mil talentos!" hehe

Beijos!

Liza Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Liza Mello disse...

viva o português!

e o francês! e o inglês! o russo e o javanês! era o filme da amélie poulain? ngm merece... vamos apreciar as obras por inteiro! lendo as legendas ou aprendendo nossas línguas favoritas!

e viva o 'opções' do telecine pipoca!

Luana Duarte Fuentefria disse...

aaaiii!
eu não tenho o telecine pipoca... :(

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

dublado não dá, a tradução nunca é literal!
beijos!

Samir Oliveira disse...

Legendado com certeza. Discordo totalmente do Thales. Acho que um filme é uma obra que possui suas próprias características e uma delas é a língua em que ele foi feito. Não é apatriota ver um filme em sua língua original. É apenas apreciar a obra por inteiro.

ótimo texto Luana. Tenho inveja dessas pessoas que conseguem escrever nas férias ehehe. bjos

Luana Duarte Fuentefria disse...

Mas, ei! Eu ainda não to de férias... :(

Thales Barreto disse...

Sim Samir, acho só que o talento para a Dublagem deve ser valorizada. Não consigo ver filme legendado. Não me sinto bem, acho que sempre perc alguma coisa. Ok, deve ser a minha ignorância Mas mal sei minha lingua (o portugues) e ainda quero ver filmes em lingua estrangeira pra que? Claro, vocês, sábios em portugues podem se dar ao luxo... hehehehehe... Abraços...