quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Estação BsAs

Com um pomelo em uma mão e um alfajor na outra, eu vi as estações passarem como uma recordação já remota. Sabia que, como tudo o que fosse portenho, o metrô teria um fim. Foram-se passando as estações enquanto esperava um milagre me tirar daquele sufoco, que alguém aparecesse para me dizer que nada aconteceria, que eu poderia ficar o quanto quisesse. Sem milagres e com uma mochila nas costas, desci sob a avenida La Plata, desolada e ameaçando soltar uma lágrima pelo olho direito.
A cada passo, uma lembrança dos passos dados naqueles nove dias que mudaram vidas. A minha e, estou certa, a daqueles tantos e de tantos lugares do mundo. A cada lembrança um quê de delírio. Pensei, por alguns instantes, que tudo fora um sonho e que em breve acordaria. Quem sabe assim a lágrima não escorresse e eu estivesse livre de toda a dor. Mas, não. Queria chegar ao albergue e ver que os amigos e o quarto bagunçado estavam ali. Para a despedida, mas ali.
A lágrima não caiu. Não até entrar no táxi e ver as quatro mãos que se despediam se afastarem. Queria aproveitar meus últimos minutos de alegria e os bons ares que me restavam respirar. E respirei. Bem fundo e com força, pra não mais perdê-los. Estarão sempre aqui. Os ares e os amigos daquela estação na qual desci e queria nunca mais embarcar.


2 comentários:

Liza Mello disse...

'Sabia que, como tudo o que fosse portenho, o metrô teria um fim'.
ai, achei ótimo!

(e chorei.. POR SUPUESTO!hehe)

mas.. sei lá.. de repente não tem fim...ou pelo menos não está tão próximo;)

besos, nena!

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

bs as é o que há.
sem mais.