quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Também me entrego à incoerência

Sim, também me entrego, como todos de minha geração. Sou incoerente até ao dizer que não me apetecem incoerentes, e me apercebo que também sou. Sou mais que os outros, pelo visto. É normal, pois. Já que todos um dia descobrimos prazer em algo que, até então, nos era repugnante. Nos rendemos, então, ao pecado d’alma. Ao pecado criado por princípios durante toda uma extensa vida.

Eu, que de tanto falei e tanto zombei de vãs criaturas que se deliciam ao rolar sobre máquinas tão ruidosamente úteis. Eu, que em minhas viagens me perdi em longos pensamentos no banco ao lado enquanto outro então me conduzia. Eu, que nunca quis acelerar, frear e, menos ainda, mudar a marcha, me rendi. Rendi-me à doce e perigosa diversão automobilística. Eu, que sempre considerei carros armas poluidoras disfarçadas de utilidades modernas.

Passei a divertir-me, assim como faço com quaisquer pequenas novidades, com a boba atividade de acelerar-frear-acelerar. Mesmo que muito rapidamente cansada, minha adrenalina, usualmente a níveis desprezíveis, tem percorrido meu corpo durante as aulas de direção. Desde que, logo na segunda aula, fui batizada na incrível aventura de conduzir aquela arma na maior avenida da cidade, não mais quis cessar. E, então, todas as manhãs, logo após o sol nascer e antes mesmo dele torrar a pele, lá estou com um sorriso no rosto e um volante nas mãos.

Sinto-me, creio, como que poderosa, madura, gente grande. Eu, que sempre achei que tal alegria pertencesse à área infantil do cérebro humano. Breve, eu, tão inocente, inofensiva, inóspita, terei uma arma a meu poder. Breve... se eu passar no exame.

Ao menos, talvez evite encontrar o ingrato motorista de coletivos...

4 comentários:

Anônimo disse...

Tenho medo dessa coisa toda. Acho que minha adrenalina sobre por outras coisas... Velocidade em carros me da medo...
Boa Sorte e CUIDADO!!!
Bjs. ;)

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

Eu não acho mais legal dirigir. No início tudo era o máximo, agora perdi a paciência. hehe

boa sorte!!!

beijo

Samir Oliveira disse...

As aulas são sempre divertidinhas. Afinal, há uma pessoa do teu lado com uma paciência infinita e com um freio nos pés só para te dizer o que e como fazer, o carro é bem destacado para todos saberem que tu estás aprendendo e, assim, não se irritarem (tanto) contigo. A vida na auto-escola é praticamente perfeita. Depois.. bom.. não quero te assustar! eheheh..

Boa sorte!!!

Felipe Martini disse...

Li todos os textos aqui agorinha.

E gostei. Bastante.

Ah, mas eu sigo abominando o transporte individual, ainda que eu tenha tirado minha carteira há um mês.

=]