segunda-feira, 3 de março de 2008

A arte de ser feminina

Tenho me estranhado nos últimos tempos. Já não sou o que era. E pior, só sobrou em mim - salvo algumas exceções - aquilo que não queria mais ser. E, pior ainda!, tenho sido tudo quanto criticava, tudo onde prometera nunca chegar. Terrível!... Mas, enfim, tudo isso pra dizer que fui ao cabeleireiro. É, dessas coisas que parecem tão comuns a meninas/mulheres da minha idade. Para mim, como não é difícil perceber logo de cara, qualquer coisa relacionada a cabelos, pés e mãos e coisas sem relação a cérebro e coração, são perda de tempo precioso. Minha vaidade se resume ao cabeleireiro umas três vezes por ano e à manicure umas duas.

De repente, no entanto, vi-me sentada na cadeira do cabeleireiro. Em frente, uma pilha de Caras. Na minha mão, uma Cabelos&Cia, que - juro! - não sei como foi parar ali. Numa tentativa de não parecer cult demais naquele ambiente sem propósito de ser, ignorei o livro na minha bolsa e parti pro “tá na chuva é pra se molhar”. É... ali certamente ninguém me julgaria por ler Cabelos&Cia. Admirei, durante quarenta e cinco minutos, os cabelos e os textos de Cabelos&Cia (só não sei ainda dizer qual me impressionou mais: o cabelo ou o texto). Recomendo, para momentos sabáticos. Para completar minha dose de futilidade diária, abri a Caras “O melhor do Oscar”, para comprovar a tese de uma amiga de que é preciso muito talento para escrever muito sobre nada. Comprovado, minha cara.

Passado o momento de estranha no ninho, cusco em tiroteio, aquela coisa, até que me adaptei. Assustei-me com tal comprovação e me assusto com o que acabei de escrever. “Adaptei-me”? To doida! Há não muito tempo diria “credo!”, mas o momento ocioso com pitadas de cafuné durante duas horas me fizeram, estranhamente, um bem danado. Eu bem que estava precisando fazer nada, além de conversar sem compromisso com um simpático cabeleireiro/a e olhar gente bonita na Caras.

Mas, se uma coisa eu agora sei, mais que o nome de todas as estrelas de Hollywood (e estilistas de) e de “como hidratar seu permanente”, é que ser feminina é uma arte. Ser madame de salão de beleza, então, é difícil pacas. Requer concentração, simpatia em dose antibiótica e muito colóquio frívolo pra trocar durante horas a fio. Sem falar na paciência com aquilo chamado "homem", que nunca repara no resultado do seu esforço.
Assim, como experiência singular, não foi difícil. Durante duas horas, fui feminina com uma classe admirável, não posso negar. Mas pra chegar à feminilidade a nível madame, e em tempo integral, eu precisaria de muito treino, já que talento me falta. Mas, não. Nada de treinos, nada de salão, nada de frescuras. Essa confissão sem vaidades faz parte do processo de cura. Já me sinto melhor, até.

9 comentários:

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

É tu e eu então! Essas coisas de feminilidade em excesso não é comigo. Um pouco já é suficiente.

Beijos.

Samir Oliveira disse...

aahahahah muito bom! é, há momentos em que nos percebemos fazendo coisas totalmente inimagináveis até então.

"cabeleireiro/a"??? eheheh

luana, esse teu texto sairia tranqüilamente na zero! muito bom!

Eliane! disse...

Oi Luana!
descobri teu blog!
enfim, esse lance de salão de beleza é complicado já que para ser freqüentadora assídua de lugares assim é necessário muito dinheiro também. Então, me contento com minhas tentativas caseiras de beleza.
Há um tempo atrás, sentada numa cadeira de cabeleireiro, a mulher ao meu lado me estende uma Caras e diz pra eu ler. LER???!!!
que vida, não.

Luana Duarte Fuentefria disse...

Sairia nota zero, tu quer dizer, né?

Ah, se a vida fosse os elogios do Samir...

Anônimo disse...

Valeu pelo elogio. Pra mim, isso vale muito mais que um comentário =D
Também já tinha dado uma bisbilhotada no teu blog. Achei coisas interessantes, mas preciso que ler mais e com mais calma. Dias corridos, sabe como é... Prometo que faço isso essa semana.
Tu trabalha na rádio-escuta?! Putz, o Fabiano é um dos melhores chefes que eu já tive. Sabe muito de muita coisa ele. E ainda é um cara bem legal. Aproveita que tu tá aprendendo sem se dar conta lá.

beijo

Condomínio Key West disse...

Adoro ir ao cabeleireiro - ou no meu caso seria barbeiro?

Aquela sessão pente e tesoura transformada em cafuné dá um sono gostoso. Não é?

Pena que eu seja tão preguiçoso para vaidades, até as compulsórias, como cortar o cabelo.

Você sabia que eu já escrevi para Revista de Moda? Realmente, é preciso talento para falar tanto de nada. Foi o trabalho mais difícil da minha vida. Falar de rímel, maquiagem permanente, drenagem linfática, gloss (é assim que se escreve?), e essas coisas.

Não se assuste, a gente muda todo o dia, mas não muda o essencial.

Anônimo disse...

Ai Luana!
Confesso q tbm sou meio assim!
Muito bom o texto!
Beijo!!

Anônimo disse...

'Quem tá na chuva é pra se molhar' - e o importante é ter histórias pra contar!

beijos

Liza Mello disse...

ai, quanta homenagem nesse blog!
sim, eu não te disse?! precisa de muuuuuito talento pra escrever na Caras!

e sobre a vaidade... ela sempre está nas resoluções de ano novo. Um dia eu irei na manicure semanalmente...sim, irei...