sábado, 24 de maio de 2008

Manifesto Anticonsumista

Vou fazer aqui uma campanha. Uma campanha e um apelo desesperado. Trata-se de um fato que, de tão prosaico, já não é percebido pela maioria daqueles que me cercam. Que estão por aí, fazendo um danado mal inconsciente. E meu papel de pessoa um tanto consciente me incumbe de um alerta.

Fatos do dia-a-dia tornam-se mecânicos. O que não é novidade, é levianamente feito de modo que tudo simplesmente saia conforme o costumeiro. Nem certo nem errado. Somente que saia. Num supermercado, onde espíritos consumistas são ativados por tantas novidades altamente capitalistas e sem qualquer utilidade, nossos cérebros esquecem-se de pensar. Apenas agem. Aqui e ali, uma novidadezinha satisfaz nossos desejos repentinamente indispensáveis.

Nesse alvoroço de anseios, até compreendo a rejeição involuntária a qualquer pensamento lógico. Ao pensamento um pouco menos irracional. Sei que, nessas horas de tamanha alegria – ou debilidade –, é difícil largar o próprio egoísmo. Mas, mesmo assim, eu peço, peço bem desesperada: parem de usar sacolinhas!

Eu passo pelo caixa com um bandeide e um chocolate. Num ato impensado, o moço-empacotador-mau-treinado mete o bandeide numa sacola; o chocolate, noutra. E eu repito, pela qüinquagésima nona vez, um “tudo numa só, por favor”. Que mal, afinal, um bandeide fará a um chocolate? Menos ainda o contrário. E assim vamos, loja após loja, enchendo o mundo de sacolinhas. Preenchendo o mundo de plástico por, pelo menos, uns cem anos mais.

Passeando em janeiro pela Argentina, saímos de um mercadinho com os produtos na mão, para não pagarmos sacola. Em vários lugares, a famosa “sacolinha” de supermercado já foi substituída por outra que se decompõe mais rapidamente. Na Alemanha, na Dinamarca e em várias cidades americanas já proibiram o uso delas. Recentemente, a desenvolvidíssima China baniu a dita. E aqui, ora pois!, nem os educadíssimos atendentes do Zaffari são treinados a não oferecer o maldito polímero! Parecem treinados para justamente o oposto.

Milhares e milhares de sacolinhas passam por dia pelas nossas mãos e não!, não usamos todas para "lixinho". No Paraná, o governo adotou medidas como a distribuição gratuita de sacolas oxi-biodegradáveis, que se decompõem em 18 meses.

Enquanto isso não acontece por aqui, tenho uma sugestão: sigam o exemplo da minha mãe, que carrega suas invenções de pano para a feira – chamada ecológica, mas onde todo mundo faz questão de proferir “uma sacolinha?". Por isso, vou fazer uma campanha. Se for muito difícil largar o vício, sugiro que parem de comprar. Antes que se afoguem em sacolinhas.

13 comentários:

Samir Oliveira disse...

Vamos fazer uma revolução! Queimar montes de sacolinhas em frente ao záfari! Mas.. será que a queima também prejudicará o meio ambiente? o.O

Rô Peixoto disse...

Os funcionários do Zaffari não entendem quando digo "Não precisa de sacola"... olham com a cara de "Ela é louca", dão um risinho e saem, balançndo a cabeça...
Provavelmente, conhecem pouco sobre o mal das sacolas...

Anônimo disse...

Grande Luana! Militância ecológica, consciência ambiental: Pensar global, agir local.

Temos todos que fazer nossa parte.

Uma padaria perto da minha casa aboliu as sacolas plásticas e retornou para a sacola de papel, exatamente como era na minha infância, lá nos anos 70.

Vamos todos carregar nossa sacola. A rede AM/PM de lojas de conveniência parece que está adotando o mesmo método.

Só não adianta uma MacDonalds da vida usar papel e papelão em quantidades industriais para cada lanche.

Ei, pergunta pro Tiago!! Acabou de dar notícia agora na Gaúcha. "Indústrias fazem protesto contra uso de sacolas plásticas em supermercados". Vamos ver detalhes dessa notícia. Depois te conto.

Eliane! disse...

Sim, concordo contigo e já tinha aderido a essa campanha. Como ando pra lá e pra cá com uma bolsa grande, tudo que compro vai dentro dela, claro, menos quando o conteúdo passar de 1kg pq daí a sacolinha serve como como saquinho de lixo em casa. E já soa natural dizer 'não precisa de sacolinha'. Pelo menos a gente faz a nossa parte.
e o Zaffari! poxa, logo o Zaffari ainda não aderiu a isso. Deve achar que somos um bando de eco-chatos tststs

Luana Duarte Fuentefria disse...

samir, dei uma pesquisadinha rápida.

parece que já tão usando plástico em altos-fornos em indústrias de vários países. ele é bom gerador de energia e não causa danos ao ambiente. No Japão isso é bem comum.

"Contudo, essa nova abordagem também apresenta seus problemas. Plásticos clorados, como o PVC, não podem ser diretamente injetados nos altos-fornos, pois o cloro neles contido danificaria o revestimento refratário do equipamento", foi o que encontrei.

Parece que eles também são queimados para recuperarem os componentes para reutilizá-los como produtos químicos ou para a produção de novos plásticos.

É... foi o que achei numa pesquisa rápida por aí.
Então, talvez possamos queimá-los, samir.

Luana Duarte Fuentefria disse...

Por que isso não é feito com frequencia eu não sei...
continuarei pesquisando.

Anônimo disse...

Concordo contigo, já diminui o uso dessas há algum tempo...
A maneira mais eficiente que eu vejo para diminuir o uso das sacolinhas é atacando no órgão vital do ser humano: o bolso.
Num país-mais-desenvolvido-que-o-Brasil que agora não lembro o nome, fizeram isso. Deu certo! Claro, cobre R$0,15 por sacolas, o efeito é imediato.

Beijos e boa sorte na campanha!
ps: e ah, convenhamos, para um band aid e um chocolate não precisa de sacola nenhuma hein hehehe

Anônimo disse...

Ah, lembrei de outra coisa. O uso de água. Certa vez, soube de um cara que inventou um novo tipo de privada (patente). Com dois tipos de descarga, uma para tipo de, bem... produtos.
Se fosse o número 1, ela despejava apenas três litros de água para limpar - o que era o suficiente.
Já no nº 2, os 9 litros que TODAS despejam.
Pô, legal. Uma patente ecológica. Mas daí, descobri o preço: três vezes mais que uma normal. Aí não dá... Idéias como essas deveriam ser incentivadas e são mais caras... muita gente talvez gostaria de ajudar, mas não dispõe de $$$

Rô Peixoto disse...

Sobre o comentário acima:
Minha professora de Ecologia (aplicada ao Design, claro!), falou certa vez que alguns produtos ecológicos dependem de um certo grau de instrução e que a cultura está diretamente ligada à tudo isso.
Por exemplo: se uma privada dessas fosse usada em banheiros públicos do Brasil, as pessoas (que no Brasil, nascem naturalmente curiosas), iriam apertar os dois botões (pra ver se é verdade), o que faria que, então, fossem disperdiçados 12 litros, ao invés dos 9! Acabaria sendo um caos maior do que já é!
Portanto, não atribuo a culpa só às pessoas, mas ao governo, que deveria dar mais educação... afinal, por isso pagamos, e caro!!

(Era permitido comentar comentários?)

Luana Duarte Fuentefria disse...

sim sim. polêmicas, desde que com certo grau de respeito, são sempre permitidas. hehe
acho legal a história da privada, mas alguém teria que avisar pra ela (a privada) o que tá sendo feito ali. senão seria um oba-oba só, com todo mundo apertando tudo que é botão. hehe

mas isso rende outro texto...

Aloha Boeck disse...

Sim!
Tô contigo nesse manifesto!
Já tá na hora da volta dos retornáveis (por mais redundante que isso possa parecer)! Parar com essa quantidade absurda de garrafas plásticas, de sacolinhas, de seilamaisoque. Minha vó ia com sua própria sacola fazer compras. Bem bom!
Esses dias o Canoas Shopping vendia a Ecobag. Mas era assim, tinha que gastar sei lá quanto nas lojas, depois colocar mais uns trinta reais em cima.
Barato, caro, não sei. Sei que, pela cultura, ninguém vai gastar trinta reais em sacola.
E a campanha acabou.
E eu nunca vi ninguém levando a ecobag pra comprar sua calça jeans
(eu acabei não fazendo as tais compras para poder comprar a minha).

É uma questão difícil, mas digníssima!

=)

Samir Oliveira disse...

Uau! Teu manifesto realmente mobilizou o pessoal. Tá quase mais famoso que o manifesto do Marx :P

Ah, se dá, então vamos já queimar sacolinhas na frente do Zaffari! E eu falo sério. É uma boa pesquisar um pouco mais sobre o assunto e organizar um protesto pela redução do uso de sacolas plásticas. Que tu achas? (quero ver esse manifesto virar realidade). Viva Luana Engels! Viva a ecologia! Viva la revolución!

opa opa, me empolguei :S

Luana Duarte Fuentefria disse...

ueba!
vamo meter a boca no tromboneeee!!!
a gente aproveita e manda todo mundo apagar as luzes e as mangueiras da calçada. hehehe

e, ah! ecologia é o estudo. então: viva o ecossistema, o ambiente natural, ou sei-lá-quê.