
Um país
hermano. Uma história em comum. Idiomas e culturas semelhantes. Também há
gauchos y a las personas les gusta el mate. Ouve-se música brasileira da melhor qualidade. Há tudo o que me fascina em minha cidade. E algo mais.
Por alguns dias, troquei os rostos melancólicos de minha fria cidade por ‘¡Buenos días!’ e ‘¡Holas!’ da ciudad fría. Me alegrava a visão das melhores panaderias, existentes em todas as esquinas. Comia medialunas, alfajores (los mejores!), muzarelas e fainás, que só lá existem.
Durante as noites de inverno, minha cidade pareceu-me fantasma ao caminhar a passos lentos no centro da ciudad. Personas caminham com seus mates e botellas com água caliente. Há sorrisos ao zero grau noturno dessa ciudad.
É inspiradora. De noite, as luzes fazem de suas muitas praças e sua arquitetura ainda mais belas. Sob a luz do sol, ou mesmo sob a chuva (que também é mais bela na ciudad) os plátanos secos nessa época do ano são monumentos complementares às lindas obras humanas. Os outdoors são raros. As ruas têm uma mão e os motoristas sabem o significado das faixas de pedestre. As avenidas são grandes. Tudo é muito grande. Complexo de país pequeno.
Também os sons da ciudad são mais agradáveis. As palavras hispanas têm musicalidade e mesmo os palavrões parecem elogios. Caminha-se pelas calles. Lêem-se periódicos e vêem-se películas. Comem-se duraznos, lechugas e zapallos. A lluvia cai sobre o paráguas (palavra preciosa!). O rojo não é roxo, mas vermelho. E tudo são cores mesmo num dia gris.
A ciudad tem aroma de infância e sabor de déjá vu. Os quioscos vendem caramelos que já não existem na minha cidade. As crianças se vestem como crianças e as jovens como jovens (embora os cabelos e as roupas sejam iguais). Os chicos são muy guapos. Mais guapos ainda quando proferem as lindas palavras vindas de Castilla. Os niños são obrigados a ir à escola (pública!) e usam graciosos uniformes.
Queria passar o resto de meus dias na ciudad, onde a palavra ‘peligro’ é pouco pronunciada. Onde há pessoas nas noites frias. Onde se come muy bien. Onde as casas preservam uma história e tudo é traduzido para a língua-mãe.
Senti-me bienvenida, como en mi casa.
Amo meu porto alegre. E agora, amo Montevideo.