terça-feira, 3 de julho de 2007

Somos Frankensteins

Tive uma das melhores experiências da minha vida. Conheci a incrível e triste história de Frankenstein. Não o monstro verde com grandes parafusos na cabeça da minha imaginação e dos quadrinhos, mas o Frankenstein de Mary Shelley. No caso, o Frankenstein cinematográfico de Kenneth Branagh. Saí correndo e desesperada não de medo, mas atrás do livro. Nunca corri tanto atrás de um livro. Não encontrei. Sequer os vendedores da livraria sabem que existe um Frankenstein além das histórias em quadrinhos. Mas enfim, recomendo o filme. Para os não preguiçosos, leiam!

Frankenstein (que não se chama Frankenstein e, na realidade, nem nome tem) não é monstro. É humano. Humano um pouco diferente, diga-se de passagem, mas humano. Nasceu de forma peculiar. Um homem criado por um homem a partir de muitos homens. É o que é Frankenstein. Tem todas as características de um homem recém nascido (ou recém criado). Digo isso porque, assim como os homens nascem e não aprendem nada, mas resgatam o conhecimento do “mundo das idéias”, nosso humano não tão humano herdou a inteligência de sua matéria-prima e relembra suas muitas capacidades.

Mas sua personalidade não se resume a isso. Ao longo da trama percebi que mesmo Frankenstein é o produto do meio em que vive. Nós somos produtos do meio em que vivemos. Frankenstein recebeu características de muitos, mas não era esses muitos. Era único. E era bom. Ajudou pessoas até ser tido por monstro e retaliado. Fatores bastantes para aflorar péssimos sentimentos de qualquer um.

Somos Frankensteins. Nascemos de muitos. Somos resultados de características infinitas. Mas, como Frankenstein, não são elas as determinantes do nosso eu. Usamos aquilo que nos é dado da maneira que nos convém, da maneira que o mundo nos exige. Nas palavras do próprio, “tenho amor em mim que nem pode imaginar, e fúria, que nem pode imaginar”. Temos também. Usamos o que melhor nos couber.


05/07/2007 - Encontei o livro num sebo! Disponível para empréstimos.

5 comentários:

Thales Barreto disse...

Não sei o que me deu... Mas achei esse texto um pouco pessimista. Não digo sobre o filme ou sobre o livro (que infelizmente nao tenho). Mas sobre a conclusão que chega. Somos tão iguais e tão diferentes moldados pelo mesmo meio. infelizmente nao aprendemos todos os erros que deveriamos para não voltá-los a cometer.
Porém gostei do texto. Somos todos doceis e monstruosos... Começamos a ter conclusões. Bjos e adoro o blog. =D

Luana Duarte Fuentefria disse...

Somos, sim, moldados pelo mesmo meio. Mas cada um reage a ele de acordo com sias características. O que quero dizer, é que não são somente essas características que nos definem.

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

A personalidade é decorrência das satisfações das necessidades.

Acho que se encaixa.
Beijos

Liza Mello disse...

iluminando o teu dia:
EU TENHO!!!! (aliás, o meu pai tem. irei averiguar se ele te empresta.)

Unknown disse...

Bah... Eu só sei como foi criada a história do Frankenstein, mas não sei direito a história dele. Vou procurar ler o livro, ou ver o filme. O livro deve ser melhor.
Adorei seu texto, dessa vez nem fui do contra rsrsrsr

BJS!

PS - A propósito, se não me engano, a criação da história dele foi algo como uma "disputa", um "concurso", entre amigos de quem contaria a melhor história de terror, numa noite em que estava havendo uma tempestade, se não me engano na casa de um senhor (talvez tb escritor) de sobrenome Shelley. Então, a esposa desse senhor, de nome Mary, pediu para participar. Não levaram mta fé nela não, e foi aí que houve a surpresa no final. Sua história fora a melhor e hj temos esse clássico da literatura britânica (é britânica, né?).